segunda-feira, 10 de agosto de 2009

PARALELO DO POTENCIAL HÍDRICO ENTRE AS REGIÕES NORTE E NORDESTE

A característica de renovabilidade das águas da Terra está intimamente ligada ao seu permanente mecanismo de circulação, o chamado ciclo hidrológico. Neste quadro, a energia termal de origem solar e a transpiração dos organismos vivos transformam parte da água dos oceanos e continentes (rios, lagos e umidade do solo) em vapor. Este sobe à atmosfera, engendrando condições propícias à vida na Terra, condensando e formando as nuvens. Sob a ação da energia gravitacional, a água atmosférica volta a cair na forma de chuva, neblina, neve, principalmente, indo alimentar o fluxo dos rios, a umidade do solo e os estoques de água subterrânea.
Tal mecanismo permanente de renovação das águas proporciona, sobre mais de 90% do território brasileiro, uma altura média anual de chuva entre mil e mais de 3 mil mm. Apenas no contexto semi-árido da região Nordeste, as alturas de chuva são relativamente inferiores – entre 300 e 800 mm/ano. Por sua vez, as temperaturas médias anuais ficam entre 17 e 27o C sobre a quase totalidade da nossa área continental. Portanto, as nossas condições geoambientais são altamente favoráveis ao desenvolvimento da vida em geral e ao ciclo das águas.
A região Norte
conta com abundantes recursos hídricos superficiais, enquanto que a região Nordeste desperdiça água de poços jorrantes. No vale do rio Gurguéia-Piauí, por exemplo, existem 175 poços jorrantes com descargas que variam entre 10 e perto de 1000 m3/h. Adotando-se uma descarga média de 40 m3/h, tal desperdício representa aproximadamente 61 milhões m3/ano, volume que daria para irrigar 10 mil Ha, com a taxa de 600 mm/Ha/ano – tal como se faz em Israel –, ou abastecer uma população de 1.680 mil habitantes.
Contudo, existem consideráveis diferenças entre as d
istintas regiões nas quais os problemas de água se devem, sobretudo, ao baixo rendimento de utilização, gerenciamento. Os conflitos de qualidade, quantidade e déficit de oferta já são realidade. Outra questão se refere ao desperdício de água, estimado em 40%, por uso predatório e irracional, enquanto a escassez é cada vez mais grave na região Nordeste, onde a sobrevivência, a permanência da população e o desenvolvimento agrícola dependem essencialmente da oferta de água. Apesar da situação aparentemente favorável observa-se, no Brasil, uma enorme desigualdade regional na distribuição dos recursos hídricos, conforme ilustra figura a seguir. Quando se comparam essas situações com a abundância de água da Bacia Amazônica, que corresponde às regiões Norte e Centro-Oeste, contrapondo-se a problemas de escassez no Nordeste e conflitos de uso nas regiões Sul e Sudeste, a situação se agrava.
Na região Nordeste, caracterizada por reduzidas precipitações, elevada evaporação e pouca disponibilidade de águas superficiais, as reservas hídricas subterrâneas constituem uma alternativa para abastecimento e produção agrícola irrigada. Estudos realizados por Costa & Costa (1997) sobre as disponibilidades hídricas subterrâneas da região indicam que os recursos subterrâneos, dentro da margem de segurança adotada para a sua exploração, contribuem apenas como complemento dos recursos hídricos superficiais para atendimento da demanda hídrica. Segundo o autor, exceções podem ser dirigidas aos estados de Maranhão e Piauí, cujas reservas atenderiam à demanda total e à Bahia, com atendimento quase total, caso a distribuição dos aqüíferos fosse homogênea, pois estes não ocorrem em mais que 40% da área do Estado.
Tomando-se por base os potenciais per capita ano de água em cada um dos Estados do Brasil, representados pelo quociente do volume das descargas médias dos rios (DNAEE, 1985) e população (IBGE, 1991), verifica-se que, mesmo naqueles que compõem a região Nordeste, os valores são relativamente importantes. Por exemplo, um pernambucano dispõe, em média, de mais água (1320 m3/hab/ano) do que um alemão (1160 m3/hab/ano); o baiano (3028 m3/hab/ano) tem potencial equivalente ao francês (3030 m3/hab/ano); um piauiense (9608 m3/hab/ano) dispõe de tanta água quanto um norte-americano (9940 m3/hab/ano). Por outro lado, enquanto o consumo total per capita na maioria dos países relativamente mais desenvolvidos já fica entre 500 e pouco acima de 1000 m3/ano, ou seja, entre 24 e 92% dos respectivos potenciais, na maioria dos estados da região Nordeste os consumos per capita são inferiores 10% dos seus potenciais de água nos rios (Rebouças, 1994).
A minimização desses problemas, em particular nas regiões Norte e Nordeste, é o estabelecimento de um sistema eficiente e integrado de gerenciamento.
Este sistema deveria desenvolver quatro linhas de ação, complementares e interdependentes, associadas a uma Política Eficiente de Recursos Hídricos e a campanhas de sensibilização ambiental, ambos voltados ao desenvolvimento sustentável:

a) gerenciamento de bacias hidrográficas;
b) gerenciamento de secas e inundações;
c) gerenciamento hidro-ambiental;
d) gerenciamento das águas subterrâneas.





terça-feira, 4 de agosto de 2009

LIFESTRAW - CANUDO DA VIDA

Qualidade de vida perene?

O que vem a ser viver com saúde em países que vivem abaixo da linha da pobreza?

Criar novas tecnologias que se adequem as condições ambientais de uma determinada região, tem sido o desafio do século. Porém de maneira sem igual, uma tecnologia simples tem chamado a atenção do mundo, principalmente para áreas em que as condições de água potável são minímas, como a África. É o sistema de filtragem móvel da empresa suíça Vestergaard Frandsen, batizado de LifeStraw (“canudo da vida”), um tubo de plástico azul – mas muito mais grosso que um canudinho comum – contendo filtros que tornam potável a água contaminada com microorganismos que provocam cólera, febre tifóide e diarréia. Os filtros, fabricados em resina halógena, matam quase 100% das bactérias e cerca de 99% dos vírus que passam pelo LifeStraw.

A University of North Carolina em Chapel Hill testou o canudo com uma amostra de água contendo as bactérias Escherichia coli B e Enterococcus faecalis, além do vírus MS2 colifago, e mais iodo e prata. Os resultados indicam que o LifeStraw filtrou todos os contaminantes a níveis em que não representam mais um risco à saúde de quem ingere a água. No entanto, o canudo não filtra metais pesados como ferro ou flúor, nem remove parasitas como a giárdia ou o criptosporídio, apesar de o CEO da empresa, Mikkel Vestergaard Frandsen, afirmar que há uma versão do LifeStraw disponível para grupos de ajuda humanitária em Bangladesh e na Índia capaz de filtrar arsênico.

LifeStraw já ganhou vários prêmios e honras, entre eles, uma das “Dez coisas que vão mudar nossa forma de viver”, pela revista Forbes; “A Melhor invenção de 2005″, Revista Time; “A Melhor Invenção da Europa”, Reader’s Digest; Invenção do Século, Gizmag e muitos outros.


"MAS, O QUE DE FATO É NOBRE, É A SENSIBILIZAÇÃO MUNDIAL E A INCANSÁVEL NECESSIDADE DE TRANSFORMAR A HISTÓRIA DE CAOS E MISÉRIA QUE ALASTRA PAÍSES COM AUSÊNCIA DE SANEAMENTO BÁSICO".

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

RECOMPOSIÇÃO DO ECOSSISTEMA FLORESTAL DE NASCENTES


Uma bacia hidrográfica é um magnífico ecossistema, trata-se de uma área definida topograficamente, drenada por um curso d'água ou um sistema conectado de cursos d'água tal que toda a vazão efluente seja descarregada através de uma simples saída, no caso, os estuários. Em outra definição podemos notar que bacia hidrográfica é conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes e que dependem da eficiência do ciclo hidrológico para manter seu equilíbrio.
As nascentes, ou olhos d'água, são afloramentos do lençol freático, que vai dar origem a uma fonte de água de acúmulo (represa), ou cursos d’água (regatos, ribeirões e rios). Em virtude de seu valor inestimável dentro de uma propriedade agrícola, deve ser tratada com cuidado todo especial. A nascente ideal é aquela que fornece água de boa qualidade, abundante e contínua, localizada próxima do local de uso e de cota topográfica elevada, possibilitando sua distribuição por gravidade, sem gasto de energia.
As matas ciliares são formações florestais às margens de ambientes aquáticos, constituem um ambiente complexo com condições mesoclimáticas distintas, atribuídas às temperaturas mais amenas e a maior umidade atmosférica desse local. As relações desempenhadas entre o ambiente aquático e o vegetal terrestre que margeia os cursos de água fazem com que diversos autores considerem inúmeras denominações, caracterizações e funções para esta vegetação (CARVALHO, 1996).
Um exemplo a ser seguido é a recomposição das margens da nascente do rio Uraim, localizado no Estado do Pará. Tornou-se possível devido à participação de vários atores sociais que passaram a adotar uma mudança de comportamento diante de aspectos ambientais ainda não percebidos, principalmente no que se refere as zonas de recargas.
Em recuperações de corpos d'água os ingredientes iniciais necessários partem do proprietário da área, que lança mão de atitudes como: Articulação do Conselho da Defesa do Meio Ambiente e demais órgãos ambientais para sistematização e intervenções necessárias; Formação de uma equipe técnica, com responsabilidade de orientar e recompor a vegetação ciliar de outras áreas que compõem a bacia; Mapeamento dos riscos sócio-ambientais que ocorrem na bacia e educação ambiental permanente, através do uso em massa dos sistemas de comunicação, acerca da importância da conservação de matas ciliares e nascentes.
É imprescindível acolher as legislações pertinentes, como Código Florestal, Resolução Conama, e em certos casos legislaçõe específicas de cada região, obedecendo sempre a hierarquia dos poderes.